ZINCO E PIRITIONA DE ZINCO
O zinco é um oligoelemento vital para o corpo humano e todas as formas de vida, tendo funções catalíticas, estruturais e reguladoras. No entanto, altos níveis de zinco na dieta podem causar anemia, diminuição dos níveis de absorção de cobre e ferro e redução da atividade enzimática em vários tecidos. Em 2003, o Comitê Científico de Alimentos (SCF – Scientific Committee on Food) estabeleceu para o Zinco um nível de absorção total tolerável (UL – Uptake Level) de até 25 mg.
Na indústria cosmética, o zinco e os sais de zinco são usados em uma variedade de categorias. Os produtos cosméticos podem representar no máximo 10% do UL. Um dos sais de zinco mais amplamente usados é a piritiona de zinco. É um composto aromático de zinco utilizado como anticaspa, antiseborreico, condicionador capilar e conservante em cosméticos e produtos de higiene pessoal. Este composto é usado há mais de 60 anos como um agente anticaspa em concentrações de até 1-2%.
Na União Europeia (UE), de acordo com o Regulamento (CE) n.º 1223/2009 relativo aos produtos cosméticos, a Piritiona de Zinco (Zinc Pyrithione) está incluída na lista de substâncias que os produtos cosméticos não podem conter fora das restrições previstas (Anexo III). De acordo com o mesmo Regulamento, a Piritiona de Zinco está também incluída no Anexo V (lista dos conservantes autorizados nos produtos cosméticos), e pode ser usada como conservante em produtos enxaguados (exceto produtos orais) em concentrações máximas de 1% em produtos capilares e 0,5% em outros produtos (Anexo V, entrada 8).
A Food and Drug Administration (FDA) dos EUA permite o uso de Piritiona de Zinco como ingrediente ativo em medicamentos de venda livre para caspa e dermatite seborreica (OTC – Over The Counter).
OPINIÃO DO SCCS SOBRE A PIRITIONA DE ZINCO
O Comité Científico Europeu para a Segurança do Consumidor (SCCS – Scientific Committee on Consumer Safety) expressou a sua opinião (março de 2020) relativamente à segurança do uso de Piritiona de Zinco (ZPT – Zinc Pyrithione) em produtos cosméticos. O SCCS concluiu que a Piritiona de Zinco era “segura quando usada como um anti-caspa em produtos enxáguados para o cabelo até uma concentração máxima de 1%”. Esta opinião veio atualizar um aparecer anterior do SCCS (2013), que afirmava que este ingrediente era seguro até 2% como um agente anti-caspa em produtos enxaguáveis.
Em 2018, o Comité de Avaliação de Risco (RAC – Risk Assessment Committee) da ECHA emitiu um parecer onde propunha uma classificação e rotulagem harmonizadas a nível da UE para a Piritiona de Zinco como substância CMR 1B ao abrigo do Regulamento (CE) n.º 1272/2008 (presumivelmente cancerígeno, mutagénico ou tóxico para a reprodução, baseado em estudos em animais). Nos termos deste Regulamento, a utilização deste tipo de substâncias é proibida em produtos cosméticos, a menos que, a título excepcional, sejam cumpridas condições específicas.
A Piritiona de Zinco foi, no mínimo, levemente irritante para a pele de voluntários humanos e foi um irritante ocular grave em estudos em animais. Esta substância não foi considerada sensibilizante para pele quando testada em porquinhos da índia e demonstrou baixo potencial para induzir hipersensibilidade de contato em humanos, quando testado sozinho ou em formulações cosméticas. A Piritiona de Zinco não é genotóxica nem mutagénica in vivo e in vitro. Não demonstrou evidências de potencial carcinogénico em estudos crónicos orais ou dérmicos.
Em suma, a Piritiona de Zinco é considerada segura pelo SCCS e pode ser utilizada em produtos cosméticos disponibilizados no mercado da UE, mas apenas se for usado em concentrações máximas de 1% em produtos enxaguáveis.
Se necessitar de esclarecimentos referentes aos limites de Piritiona de Zinco nos seus produtos, não hesite em contatar-nos através do email info@criticalcatalyst.com.
Referências:
- European Food Safety Authority (EFSA) Panel on Dietetic Products, Nutrition and Allergies (NDA) – Scientific Opinion on Dietary Reference Values for Zinc, 2014. Available at: https://efsa.onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.2903/j.efsa.2014.3844
- Joint FAO/WHO Expert Committee on Food Additives (JECFA) – Zinc. Available at: https://apps.who.int/food-additives-contaminants-jecfa-database/chemical.aspx?chemID=4197
- Scientific Committee on Consumer Safety (SCCS) – Opinion on Zinc Pyrithione (ZPT), 2019. Available at: https://ec.europa.eu/health/sites/health/files/scientific_committees/consumer_safety/docs/sccs_o_236.pdf